sábado, 29 de outubro de 2011

Cris no país da Ilusão.

A escuridão cegava-me e nem assim fechei meus olhos. O eco do silêncio perturbava-me. O luar batia na janela com força, refletindo na parede um sorriso abusado do Gato Risonho.
Insônia, quase nome de tia chata. Se insônia fosse uma mulher, ela seria a Rainha de Copas. “Cortem as cabeças!!” gritaria, e um completo jogo de baralhos sairia pela noite decepando friamente cabeça alheias. Dona insônia é como uma visita indesejada, que vai entrando em sua casa sem esperar convites, vai abrindo a geladeira e pegando a última latinha de cerveja que restava escondida atrás da caixa de leite, que ironicamente chama-se “Longa Vida”.
As horas passavam lentamente e a todo o momento avisava o Coelho Branco: - “São, três horas e quarenta e cinco minutos... Quatro e vinte e um...”. Coelho maldito e infernal, viraria um belo churrasco. “Beba chá, ajuda quando o sono vai embora”, diria o Chapeleiro Louco... “Vai à merda, odeio chá!”, diria eu amavelmente. Há sempre uma curandeira para indicar um chazinho ou uma receita milagrosa. E aos poucos todos os personagens de Carroll invadiam meu quarto. Temia ser o contrario... Invadir-me-ia em um conto de fadas, sem fadas?
Peguei-me procurando aquele sorriso irônico que despertou minha surreal imaginação, e já não conseguia mais vê-lo. Aos poucos meu quarto enchia-se de luz e o que me restava era sair da cama. Mas foi na frente do espelho que não consegui mais distinguir se tudo aquilo era sonho ou realidade. "Você não pode imaginar como eu estou feliz em vê-la novamente, minha queridinha", disse então a Duquesa feia. (29 de Julho de 2009 - Por C.M.)

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